A demissão de José Sócrates

“Hoje os partidos da oposição retiraram todas as condições para o Governo continuar a Governar. Acabei de apresentar a minha demissão ao senhor Presidente da República”.
O Parlamento português rejeitou o plano de austeridade e o Governo demitiu-se.
“Hoje Portugal acordou sem governo e sem rumo”.Foi o corolário de uma crise anunciada há vários dias e coloca Portugal no topo da agenda da reunião dos líderes da União Europeia hoje em Bruxelas.
Como toda a gente que bem me conhece sabe que sou apartidária, apesar de em questões de segurança interna tendo a ser mais radicalista e a defender o que outrora condenei, já fui de esquerda mas a vida e a consciencialização política levaram me a ser mais moderada e , por isso, a minha opinião no que concerne à actual situação do país não é, de todo, baseada em ideologias ou filiações políticas.
A demissão do Primeiro Ministro na sequência da crise política das últimas semanas, vem a más horas para a economia portuguesa,a incerteza provocada pela crise política e o subsequente pedido de demissão do Primeiro Ministro vai contribuir para aumentar o nervosismo, com consequências óbvias para a capacidade de financiamento do Estado Português e da economia em geral.
Portugal acaba de ganhar um crise política que tal como classificada pelo ex-primeiro-ministro é “desnecessária, evitável e inoportuna”.
Contudo, e porque o Governo já tinha perdido toda a credibilidade, o problema da falta de confiança política no Governo tinha que ser resolvido e, através das eleições, vai ser devolvida a palavra aos portugueses. Mas se querem a minha sincera opinião,não sei o que esperar de um país que voltou a eleger Cavaco Silva para Presidente, o mesmo presidente que demorou 13 dias para se pronunciar sobre o que ainda era uma crise eminente!
A mim ultrapassa me como é que José Sócrates, que é um Sr. com uma certa inteligência e experiência política, caiu no erro de, sabendo que não tinha maioria absoluta, vai negociar em Bruxelas um PEC 4 sem informar o Presidente ou os partidos da oposição…
Mas o que a grande maioria dos portugueses parece não perceber ou não querer saber, é que o próximo Governo não fará diferente deste, até porque não pode. O próximo primeiro-ministro vai governar com o FMI e vai fazer um pacto de austeridade atrás do outro.
Com esta crise política, os mercados financeiros não serão pacientes com os portugueses. “Os juros vão disparar. Os “ratings” vão cair. Não chegamos ao Verão: vamos ter de pedir ajuda já. O Estado não suporta estes juros. As empresas públicas têm dinheiro apenas para os próximos meses ou, mesmo, semanas. Os bancos estão pressionados. Pedindo ajuda já, seremos o último da desgraçada fila iniciada pela Grécia e continuada pela Irlanda.”

Citando Pedro Santos Guerreiro, “Temos muitas quedas de governos. Mas não temos queda para governos.”


1 responses to “A demissão de José Sócrates

  • José Cerca

    Inteitamente de acordo.É a realidade da situação e não a ilusão da conquista do poder que interessa aos portugueses. Sobre este problema do FMI deixo aqui um link que postei esta manhã no Facebook:

    O vídeo é um bocadinho longo, mas se dispuserem de um quarto de hora, vale a pena ver, para nosso desassossego e necessário aviso. Antes da campanha eleitoral, talvez consigam estes 15 minutos. Vale a pena! O drama é que tudo bate certo!

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