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O Livro do Desassossego

“O coração, se pudesse pensar, pararia.”

“Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero.

Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também.”

Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa)


Fernando António Nogueira Pessoa

É, com Camões, a mais importante figura das Letras Portuguesas e domina o século XX com a sua problemática de sentido diverso e questionante, desdobrado em heterónimos: Alberto Caeiro, o naturalista da percepção aparentemente ingénua dos objectos, Ricardo Reis, classicizante e estóico, Álvaro de Campos, espectacular e futurista, Bernardo Soares, autor da prosa intimista e fragmentária do Livro do Desassossego, e vários outros.
considerado, também, um dos maiores vultos da poesia europeia do século XX e como grande admiradora que sou, irei dedicar me a ele e aos seus heterónimos nos próximos posts.


Tributo a José Saramago

Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.”

Consagrado escritor português, José Saramago nasceu a 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga, no concelho da Golegã.
Ficcionista, cronista, poeta, autor dramático, coube-lhe a honra de ser o primeiro autor português distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, consagrando, no seu nome, o prestígio das letras portuguesas contemporâneas além-fronteiras. Atribuição tanto mais meritória quanto a sua existência encontrou sempre condições adversas à satisfação da sua sede de cultura, ao longo de um percurso biográfico pejado de obstáculos – José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego – que não o impediria, porém, nem de manter uma postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político activo, antes e após o regime salazarista, nem de, graças a um trabalho de autodidacta, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico incomparável, nem de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses. Figura de primeiro plano da literatura contemporânea nacional e internacional, a sua obra encontra-se traduzida em diversas línguas, sendo objecto de vários estudos académicos. Revelou-se como poeta com a colectânea ´Os Poemas Possíveis (1966), a que se seguiria Provavelmente Alegria (1970), desenvolvendo, simultaneamente, uma longa experiência como cronista, coligida nos volumes Deste Mundo e do Outro (1971), A Bagagem do Viajante (1973), As Opiniões Que o D. L. Teve (1974) e Os Apontamentos (1976).
Manual de Pintura e de Caligrafia e Levantado do Chão são os dois primeiros títulos de uma actividade romanesca que, concebida como registo privilegiado para uma interrogação sobre a relação entre o homem e a História, entre o individual e o colectivo, entre o escritor e a sociedade, nos anos 80, conhece um sucesso fulgurante, junto do grande público e da crítica especializada. É durante esta década que publica os títulos que o celebrizaram, como Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) ou A Jangada de Pedra (1986), e onde problematiza, de forma imaginativa e humorada, numa dinâmica narrativa livre (sem constrições, seja ao nível da expressão linguística, marcada, do ponto de vista formal, por uma estratégia de integração, sem marcas gráficas, do discurso dialogal das personagens e do narrador no fluxo contínuo do texto; seja ao nível da efabulação de personagens ou do tempo), as modalidades de ficcionalização do tempo histórico, quer remetido para um passado revisto a partir da atenção conferida às histórias reais ou sonhadas dos seres anónimos que construíram a História (Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis), quer concebida como crónica de um futuro virtual que, sob a sua forma alegórica, não deixa de reflectir uma inquietação sobre o presente (A Jangada de Pedra). Posteriormente publicou outras obras, de entre as quais merecem menção História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1992), Ensaio sobre a Cegueira (1996), Todos os Nomes (1997) e A Caverna (1999). A bibliografia de José Saramago abrange ainda textos teatrais (Que Farei Com este Livro, A Segunda Vida de São Francisco, In Nomine Dei) e o registo diarístico encetado com a edição de Cadernos de Lanzarote.
Para além do prémio Nobel, foi galardoado com o Prémio Vida Literária, atribuído pela APE, em 1993, e com o Prémio Camões, em 1995.
Morreu a 18 de Junho de 2010, aos 87 anos, na sua residência na localidade de Tías, em Lanzarote, nas Canárias.


Eça de Queiróz ,1872 in As Farpas

“…Nós estamos num estado comparável sómente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento de caracteres, mesma decadência de espírito.
Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá …vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se a par, a Grécia e Portugal..”


Jovem suicida-se após 200 entrevistas de emprego mal sucedidas


Vicky Harrison suicidou-se aos 21 anos depois de ser recusada em mais de 200 entrevistas de trabalho. A jovem britânica morreu devido à toma de muitos comprimidos depois de procurar emprego ao longo de dois anos.
A mãe da jovem afirma que Vicky era «uma menina brilhante e inteligente, mas que se deixou deprimir ao não encontrar emprego. Estar parada tanto tempo era para ela humilhante e não aguentava mais».

Em Portugal, a taxa de desemprego na faixa etária entre os 15 e os 24anos ascendeu a 21.1%. De entre a população que se encontra nesta situação, é de realçar que a maior parcela, cerca de 54 mil desempregados, cai sobre os jovens licenciados.
É um facto que qualificação gera emprego e assegura um aumento na economia do país, mas se assim é, porque é que nos encontramos neste estado deplorável?
Cada vez mais se torna complicado entrar no mercado de trabalho após a conclusão de graus académicos…


Era hilariante, não fosse tratar-se de um aluno Português a escrever na lingua materna

Texto verídico retirado de uma prova livre de Língua Portuguesa, realizada por um aluno do 9º ano, numa Escola Secundária das Caldas da Rainha (para ler, estarrecer e reflectir…!!)

REDAXÃO
‘O PIPOL E A ESCOLA’

Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola. Primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.
Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem um cuadrado? Ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?
E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem ‘os Lesiades”s, q é u m livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.
Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o ‘garra de lin-chao’ é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???
O Pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um curço de otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. Tarei a inzajerar?


Pré Projecto da minha tese de mestrado

“O papel das elites políticas no (sub) desenvolvimento africano”

Cerca de dez angolanos têm fortunas que ultrapassam os cem milhões de dólares, enquanto outros 49 têm mais de 50 milhões de dólares. À cabeça da lista dos mais ricos está o Presidente José Eduardo dos Santos, seguido de um deputado parlamentar, dois oficiais do seu gabinete, um embaixador, um antigo chefe militar, um ministro das obras públicas. Os sete angolanos mais ricos estavam todos no Governo” no início deste século.
“Países como Angola, ricos em recursos naturais, sofrem muitas vezes da maldição dos recursos”, (…)”a dependência de recursos está relacionada, em muitos países, com a corrupção e falta de democracia”. (…)”as exportações de petróleo foram em 2002 da ordem dos sete mil milhões de dólares e as dos diamantes na ordem dos 800 milhões, trazendo o petróleo e os diamantes cerca de 700 dólares por cidadão”. Mas, sublinha, “70% dos angolanos viviam com menos de um dólar por dia”.
Graças á Transparency International o debate acerca da corrupção e do desenvolvimento está no centro da arena internacional. Contudo quando a corrupção faz parte do status quo e quando os ganhos da corrupção vão além das fronteiras africanas nunca é demais escrever sobre o assunto e incentivar á intervenção das entidades competentes.
A verdade é que o sonho dos africanos pela liberdade foi durante muitos anos posto em causa e continua a ser posto em causa por alguns antigos e novos dirigentes africanos. As experiências tais como as do Zimbabwe, Quénia, Madagáscar, Comores, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo, Angola, Sudão, Tchad, Gabão, Congo Brazzaville, Guiné-Equatorial, Somália, entre outros revelam a quão negra é a realidade africana.
Vários são os dirigentes, presidentes, líderes que em nome de interesses individuais tardaram o futuro do seu povo envolvendo-se em delineamentos de corrupção, furtando e lutando contra o seu próprio povo, deixando-se manipular contra o seu próprio país, defendendo interesses das elites europeias a troco do sangue dos seus compatriotas. Foi o que fez Idi Amin Dada no Uganda, Mobutu Sesse Sekou, no antigo Zaire. É o que fazem dirigentes como Omar Bongo Ondimba no Gabão, Denis Sassou Nguesso no Congo Brazzaville, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo na Guiné-Equatorial, José Eduardo dos Santos em Angola, Charles Taylor, envolvidos em escândalos de corrupção dentro e fora dos seus países.
É verem os biliões de dólares serem utilizados para comprar mansões em Marbella, Espanha, como fez Mobutu, e os milhões que este deixou aos cofres suíços e de outros países que serviriam para reconstrução da República Democrática do Congo (ex-Zaire), ou então, o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que segundo a Human Right Watch, o seu governo desviou 4 biliões de dólares das receitas do petróleo do país, entre 1997 e 2002.
Por todo o continente, o governo gastou generosamente nas instituições militares e outras instituições de coerção do Estado, mas muito poucos recursos foram distribuídos à educação, saúde, infra-estruturas económicas e outras áreas críticas para o crescimento e desenvolvimento económico.


“A China é a fábrica do mundo, os Estados Unidos, o laboratório, e a Europa, o museu”.
Zhu Rongji


Isto só em Portugal

Há um ano atrás a autarquia de Arouca juntamente com proprietários de terrenos abandonados disponibilizaram-nos para que os habitantes que se encontravam desempregados ou a receber o rendimento minimo os explorassem para consumo e proveito próprio.Trata-se do “Projecto Quintas Sociais de Arouca” , pelo qual quem estivesse interessado ficava com casa gratuita e terreno para cultivo e para além disso seriam entregues também animais, sementes, ou seja todas as ferramentas necessárias, o que era preciso era vontade de trabalhar…

Uma iniciativa brilhante, inovadora dirão… Pensei UAU! vai ser demasiada gente a correr para esta oportunidade que de certeza que a autarquia não adquiriu terrenos suficientes…. Pensei mal!…..

Ora neste concelho existem 725 desempregados e 249 familias com rendimento social de inserção desses 725 desempregados NENHUM se mostrou interesado no projecto… Sim Acreditem ninguém se mostrou interessado…

Ora Bolas! Então não é que é muito mais fácil, muito mais confortável e dá muito menos trabalho ficar a receber o rendimento minimo sem ter que trabalhar… Ora muitos já nem se levantam para ir ao centro de desemprego ver o que há disponivel quanto mais levantarem-se para cultivar umas batatinhas, umas couves e cebolas que tão bem podem completar o ordenado e melhorar a qualidade de vida de uma familia, para quê? Sem fazerem nada já recebem o subsidio para que é que se vão cansar?

É toda uma “subsidiodependência”!!! Mas o que mais me irrita é que as mesmas pessoas que se recusaram a aderir a este projecto tantas vezes reclamam ajudas á Câmara  e que tão mal falam do país e quando lhes são dadas oportunidades Tá quieto!

O que é bom é falar mal do país, da câmara, da junta, dos partidos politicos, do Presidente da República e do Primeiro Ministro…. Valha-nos o velho poder político… que é nele que sabemos descarregar!


O caso Manuela Moura Guedes

E mais não digo.